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Nova tecnologia permite produção de gelo nas comunidades isoladas da Amazônia

02/09/2015 10:21

Uma tecnologia inovadora vai ajudar a aumentar a renda e melhorar a vida nas comunidades isoladas da Amazônia. Sem acesso à energia elétrica, os ribeirinhos têm grande dificuldade para conservar a produção e os alimentos para consumo. Para mudar essa situação, o Instituto Mamirauá está instalando máquinas de gelo, que funcionam com energia solar. Com os primeiros testes, a comunidade de Vila Nova do Amanã, no município de Maraã, já sentiu os benefícios com a produção de gelo na própria comunidade. 

As três máquinas, com capacidade total para produzir 90 quilos de gelo por dia, vão beneficiar cerca de 60 moradores. A tecnologia do projeto Gelo Solar, desenvolvida pelo Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE-USP), consiste em 60 paineis que captam a energia do sol. 

O equipamento possui um sistema fotovoltaico que dispensa o uso de baterias. "Esse é um dos diferenciais do projeto: transformar a radiação solar diretamente em gelo. Quando o sol nasce, a central já começa a gerar energia e automaticamente a máquina liga. Quando o sol se põe, a máquina desliga. Essa ideia é resultado de uma tese de doutorado na USP e agora a gente está conseguindo levar para o campo. Saiu da academia e agora chegou na comunidade", disse o pesquisador Aurélio Souza.

                                                             Pescadores instalam painéis solares para fabricação de gelo.                                                     

O projeto foi finalista do Desafio de Impacto Social Google | Brasil. Com o prêmio de R$ 500 mil, o Instituto Mamirauá colocou em prática a tecnologia do Gelo Solar. "Está todo mundo feliz com essa máquina de gelo, todo mundo trabalhando, alegre, feliz. Está todo mundo animado, sonhando com essa fábrica de gelo", disse Maria Lucimar Pereira, da Comunidade de Vila Nova do Amanã. 

A pesquisadora do Instituto Mamirauá, Dávila Corrêa, avalia o impacto social do projeto Gelo Solar. Segundo ela, os moradores das comunidades isoladas da Amazônia precisam viajar até 15 horas, de barco, para comercializar seus produtos nos centros urbanos. Por causa da distância, as famílias acabam pagando caro pelo gelo vendido nas embarcações que acessam a região. "As máquinas de gelo instaladas nas próprias comunidades vão diminuir as perdas da produção e aumentar a renda das famílias. Além disso, vamos ampliar a cultura de acesso à energia para as populações isoladas da Amazônia", disse a pesquisadora. 

Segundo ela, o Gelo Solar é uma expansão dos projetos de energia solar que o Instituto Mamirauá vem desenvolvendo na Amazônia. Dávila explicou que, no interior do estado do Amazonas, a matriz energética é 100% óleo diesel, que possui baixa eficiência e alto custo de operação, manutenção e distribuição. No caso das Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã, que reúnem 286 comunidades, apenas 153 contam com pequenos geradores funcionando poucas horas por dia. As demais 133 vivem às escuras. 

Até o final de setembro, o Instituto Mamirauá vai promover uma oficina com os moradores sobre o uso da máquina. "Para nós, a máquina é uma coisa nova. Então tudo é uma surpresa, até mesmo para cuidar, como não cuidar. A gente vai precisar receber este conhecimento. Então, passar por essa oficina para ter conhecimento vai ser muito bom. E aí a gente vai começar a planejar o uso, de que forma cuidar para que ela possa durar quanto mais tempo, melhor", disse o presidente da Comunidade Vila nova do Amanã, Eliakin Pereira Vale.

Fonte: Mamirauá

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